“A genética é uma porta de entrada para entender o envelhecimento”


Lygia da Veiga Pereira dá uma aula sobre genética, durante o XIII Fórum da Longevidade, e mostra como as pesquisas na área representam uma oportunidade para a saúde

A receita humana

“Temos trilhões de células organizadas em mais de 200 tecidos diferentes e organizados de uma forma muito específica. E uma das perguntas mais fascinantes da biologia é ‘como é que essa célula, que fomos um dia, sabe se organizar, se multiplicar e, de repente, se transformar em neurônios, ossos, fígado e coração, de uma forma muito organizada, para dar origem a esse indivíduo?’. Ela sabe porque segue uma receita muito especial, composta no momento da fecundação, que é o genoma.”

Este artigo foi escrito por Lygia da Veiga e publicado originalmente no portal Viva a Longevidade.

Genética não é só doença genética

“Toda vez que falamos em genoma e genética, a primeira coisa que vem à cabeça são as doenças genéticas. Só que temos de lembrar que o nosso genoma determina todas as nossas características, e não apenas as doenças genéticas. A cor da pele, formato dos olhos… toda a nossa aparência está sendo determinada — se não muito determinada — pelos nossos genes. A nossa genética influencia muito todas as nossas características. E como vamos envelhecer, também.”

 

Genética: uma avenida para entender o envelhecimento

“Apresento a vocês a foto de uma mãe beijando seu filhinho de 15 anos. Esta criança é geneticamente idosa. Ela tem uma mutação, um gene específico que produz uma determinada proteína. A ausência dessa proteína leva a esse envelhecimento extremamente precoce. Isto aqui é uma porta de entrada para entender o envelhecimento, é uma avenida que a genética pode explorar para entender a função dessa proteína e o que fazer para modular essa proteína, para entender a forma como envelhecemos.”

Somos produto, também, do nosso estilo de vida

“As pesquisas com o genoma humano representam uma enorme oportunidade em saúde. Nós podemos desenhar terapias mais inteligentes e podemos desenvolver a medicina genética preventiva. Posso saber minhas predisposições genéticas. O que vou fazer com isso? Adequar meu estilo de vida, para que possa prevenir o aparecimento das minhas predisposições. Nós somos um produto do nosso genoma, sim, mas do nosso estilo de vida também.”

 

Onde viveremos a nossa eternidade

“Nós seremos eternos. Mas, para sermos eternos, temos de ter um lugar para viver para sempre. O único lugar, o melhor lugar que conhecemos, é o nosso planeta e, por isso, temos de mantê-lo saudável também. Nós precisamos de uma forma de convivência neste planeta, precisamos nos entender, e temos tido uma certa dificuldade de fazer isso.”

 

Ciências exatas ajudando as ciências humanas

“Existe uma defasagem muito grande entre o ser humano tecnológico e o social. Durante os séculos XIX e XX, nós investimos na vida eterna. Investimos nas ciências exatas e biológicas. Mas nosso maior desafio é, na verdade, as Ciências humanas. É mais fácil eu pousar uma nave em Marte, do que resolver o conflito na Rocinha. Mas isso não quer dizer que não precisamos das ciências exatas e biológicas. O que eu proponho, como parte da busca por uma longevidade mais feliz e saudável como um todo, é que as questões das ciências humanas ditem as questões das ciências exatas e biológicas, e que elas trabalhem para resolver e apresentar novas tecnologias que ajudem a resolver as ciências humanas. Assim vamos viver mais em um mundo mais saudável.”

Este artigo foi escrito por Lygia da Veiga e publicado originalmente no portal Viva a Longevidade.

 

 


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